Sunday, October 14, 2007

Essas coisas de criança

Essas coisas de criança... engraçado eu pensar nisso com apenas 15 anos. Quando todo mundo (os mais velhos pelo menos) me falam que "na sua idade..." e terminam a frase com certa nostalgia, me olhando como se eu não soubesse o que estou perdendo indo para festas e tentando parecer mais velha com maquiagem e salto alto.
Me lembro que quando era criança gostava de muitas coisas, bem variadas e não tinha medo de muita coisa (só de altura. teve aquela vez que fui tentar subir a árvore, caí e rasguei o braço), adorava sapinhos e passava o dia inteiro brincando com a amiga do prédio, afinal, estudar não era necessário e eu aprendia muito mais escutando a conversa dos outros. Minha irmã até enfiou na minha cabeça que eu era gorda e outras criancinhas cruéis, nossas amigas, resolveram entrar na brincadeira de me xingar, porque no fim das contas minha irmã era a mais velha e impunha a maior autoridade. Eu vivia traumatizada com isso. Traumatizada nada né, nem ligava, se ela me xingasse ficava de castigo mesmo e pronto. Nem essa tentativa da minha irmã de me fazer infeliz, sabe deus lá porque, me afetava, afinal eu tinha 8 anos, comia bolo no almoço e brincava de barbie ou andava de patins pelo chão irregular do prédio. Mas foi naquele chão irregular que aprendi a me equilibrar. E foi na maldade da minha irmã que aprendi que não importa muito o que falam de mim.
Essas coisas de criança, aquelas que eu gostava tanto, aonde foram parar? Porque derrepente eu parei de brincar de barbie mesmo gostando tanto? Será que ainda é divertido? Porque parei de pedir ursinhos de pelúcia no natal e ter uma montanha deles em cima da cama? Na época pareceu o mais lógico, quando a minha irmã começou a crescer, fui crescendo junto. Afinal, ela já não queria brincar de barbie comigo, preferia ficar jogando aqueles jogos de gráficos bem escrotos no computador ou conversando no ICQ. Até estranhei quando a minha irmã, o meu exemplo, recebeu ligações de um menino. Um menino?! Como assim? Eu tinha nojo de meninos! Porque ela ia estar mantendo relações com garotos que até ligavam na minha casa? Meninos eram nojentos, eu brigava e batia neles no recreio. Derrepente, a minha inspiração mudou. Fiquei uns meses perdida, desnorteada e logo veio a minha fase de escrever nomes de meninos no diário, teve um Thiago, lembro que era loiro e magrelo e um japonês que era muito engraçado e querido, não lembro o nome dele.
A minha infância passou, daí, sem nenhum fato marcante, apenas boa, em geral. Tive muitas barbies, uma casa de praia, pais separados (o que não foi nenhum fim do mundo), amiga no prédio, ursinhos de pelucia das mais variadas formas e cores, amores platônicos por garotinhos. Fui a mais esperta da sala, fui a atriz principal naqueles teatrinhos da escola, fui atriz secundária também, dancei na festa junina com o menino mais feio, bobo, chato e cara de mamão da sala. Dancei com quem eu queria também. Tive tudo. Tudo que uma boa infância de garota deve ter. E agora quero crescer rápido, quero saltos altos, quero maquiagem, decotes, quero cabelo repicado, quero namorados mais velhos, quero sair e voltar tarde. Quero tudo que uma boa adolescência de garota deve ter.

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